<$BlogRSDUrl$>


Priscila Franco

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Um por ele mesmo e nariz pra todos 

Acordou cedo. Mal saiu de casa e encontrou um vizinho apressado, que passou e pareceu não a ver. Ela não estranhou tanto, já que mal se falavam, mas pelo menos um Bom Dia... Nada! Nem pôde ver seu rosto naquela manhã.
Entrou no ônibus como de costume e bateu os olhos em um senhor, no primeiro banco, aquele pra gestantes e idosos. O senhor tinha os olhos tortos, os dois virados para o seu nariz. Ela não disse nada, novamente nem um Bom Dia, já que o senhor parecia não a ver.
Foi direto para a roleta, de onde olhou para o cobrador e viu seus olhos. Também eram tortos, exatamente como os do senhor do primeiro banco. Mais umas quatro ou cinco pessoas estavam no ônibus. Com suas cabeças abaixadas, não pôde vê-las direito.
Desceu no centro da cidade achando tudo aquilo estranho. As pessoas andavam com as cabeças baixas. As poucas que estavam com a cabeça erguida podiam ser olhadas nos olhos e ela via que todos eram tortos.
Nenhuma conversa ou cumprimento, todos olhavam para seus narizes.
No consultório médico, nem as revistas eram lidas na sala de espera. A TV estava desligada. As pessoas, mudas, olhavam fixamente para seus narizes. Ela as observava discretamente, apesar de saber que ninguém a notava.
Quando foi chamada para a consulta, a mais rápida de sua vida, viu que o médico tentava examiná-la, tentava ver o que acontecia com ela, mas os olhos dele viravam como loucos. Enquanto tentava obriga-los a virar para a moça, os olhos insistiam em virar para o grande nariz que havia entre eles.
Foi embora irritada. Pegou um ônibus lotado. Ninguém via os outros passageiros. Um garoto sentado no banco para idosos nem se mexeu quando entrou uma senhora de uns quase 100 anos. O motorista quase bateu várias vezes. Parecia não ver e nem ser visto.
Tudo aquilo a deixou cansada. Não queria mais saber de ver aquelas pessoas malucas. Precisava voltar a dormir. Já não queria ver ninguém. Tudo parecia girar em volta dela. Saiam todos de perto! Não queria saber de ninguém, não queria ver essas pessoas estranhas.
O quarto girava cada vez mais rápido e quando finalmente parou, tudo o que ela enxergava era, infelizmente, o seu próprio nariz.


quarta-feira, janeiro 21, 2004

"Os jornais noticiam tudo, menos uma coisa tão banal que ninguém se lembra: a vida"
Rubem Braga

O Rubem 


poemas e cores

Acho que o Rubem Braga iria gostar dos blogs. Acho que até teria um, já que achava que a vida não sai no jornal, que dá prioridade aos fatos trágicos e não mostra a vida cotidiana. Muitos blogs pelo menos se propõem a mostrar a vida.
Ah, e como escrevia bem o tal Rubem (se é que me permite tal intimidade)! Escrevia sobre a guerra, o mar, as mulheres, os problemas com a empresa de telefonia, as lembranças da infância e até sobre o problema dos jornais de só noticiarem tragédias!
E a estória da Família Silva? A família que trabalha para sustentar outras como a dos Matarazzo. Essa família Silva é mesmo o povo, que morre e é enterrado em vala comum.
Poderia escrever mais coisas sobre suas crônicas, sobre seus temas, mas fico por aqui, já que, como ele mesmo diria, estou cansada (com a devida troca de gênero, claro). Mas fica a sugestão: 200 crônicas escolhidas –As melhores de Rubem Braga.

domingo, janeiro 18, 2004

Hehe... 


Jornal da Cidade

O que um ET faz na lua? Bom, isso é só um detalhe...

sexta-feira, janeiro 09, 2004

As novas do ano novo 

Entre as primeiras acontecências de 2004, duas delas merecem destaque:

Os responsáveis pela segurança pública do Paraná criaram seu próprio banco de dados (mais moderno, segundo o secretário), ao invés de disponibilizar os dados das pessoas com fichas criminais no INFOSEG, de onde a segurança de outros estados podem acessar os dados.
Esse detalhe atrasou a prisão de Adriano da Silva, que assassinou 12 meninos no Rio Grande do Sul, ou isso aconteceu porque Adriano se apresentou a polícia gaúcha como Gabriel (seu irmão)?
As falhas na Segurança Pública estão visíveis.
Já a segunda acontecência: Os norte-americanos estão tendo que tirar foto e deixar impressão digital nos portos e aeroportos brasileiros, tudo isso graças a um juiz do Mato Grosso. Se nos Estados Unidos são escolhidas as nacionalidades que dependem de visto para entrar no país, então aqui os norte-americanos também precisam de identificação. Nada mais justo, não é? E uma senhora ainda reclama que queria estar fazendo compras durante os 45 minutos em que ela e seus companheiros de viagem tiraram fotos e deixaram suas marquinhas...

domingo, janeiro 04, 2004

Não muito a declarar 

"A cada minuto precisamos resolver o que vamos fazer no minuto seguinte, e isto quer dizer que a vida do homem constitui para ele um problema perene.” Ortega y Gasset

Ótimo ler isso, né? Consola as pessoas...

quinta-feira, janeiro 01, 2004

O que aconteceu em 2003 

Como todo fim de ano as pessoas fazem um balanço, aqui no ACONTECÊNCIA você também encontra o meu, mesmo essa estória de retrospectiva sendo batida a gente sempre tem uma coisa nova pra contar...
-o que foi notícia em 2003: guerra EUA X Iraque
-o que mudou (ou não no país): Lula presidente
-o livro que mais me acompanhou durante o ano (e continua comigo): O nome da rosa, Umberto Eco
-a matéria do ano na faculdade: Fotojornalismo
-o melhor prato preparado por mim neste ano: ah, foram muitos, destaque para a lasanha
-os novos amigos: pessoal do CF (Curso de Férias) da ABU e da igreja em Bauru
-propagandas marcantes (não que eu goste delas): as de cerveja estão em alta – Skol (oh yeah, nãnãnã...) e Nova Schin (experimenta, experimenta...) – mas também merece destaque o “simpático” carinha das Casas Bahia (Quer pagar quanto?)
-bebida do ano: batidinhas em Bauru com as amigas da faculdade
-a viagem do ano: gostei das viagens para a praia, mas o que foi diferente pra mim foi o curso de férias da ABU (Aliança Bíblica Universitária)
-o blog do ano: bom, digamos que tem um aí muito bom... acontecência eu acho... mas falando sério, além deste, gosto bastante do blog do tas.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?